SÃO PAULO 05.08.2023. Iniciar uma jornada é sempre um ponto de muita incerteza, receios, medos e sensação de inadequação. É o estranhamento natural ao Outro, que é Diferente. É o fundamento da alteridade, que é nossa condição de ir conhecendo-vivendo através das relações. Talvez você possa pensar em sair da zona de conforto, porém, conforto é algo que define como cuidamos, acolhemos e nos inspiramos. De fato sem certo nível de conforto, não se tem uma possibilidade de ressignificação do desconforto. Ele sempre acontece em novas empreitadas.

Dentro do vocabulário que trago nessa jornada que é a clínica, os inícios são decisões que vieram de afetos, conflitos, tensões e aspirações. Se vai a um local porque ele te afeta: quero, não quero etc. Mas não apenas abdicamos de uma situação confortável. Em verdade, nós a ampliamos: "alargamos fronteiras da nossa tenda" usando uma metáfora nômade - as fronteiras anteriores acolhem esse novo local, situação, pessoa e começamos o processo de nos fazer confortáveis a uma situação nova e que nos proponha segurança e desenvolvimento.

Inicio hoje esse novo momento e espaço. De verdade, ainda não sei bem o que esperar. Talvez, quando a vertigem da liberdade passar eu tenha um vislumbre de algo.

Por hora apenas me resta a paixão pelo desconhecido que me aguarda e a saudade do porto atrás que já vivi e me fez sonhar com o horizonte a frente.